terça-feira, 21 de abril de 2015

QUANDO DEUS SE APROXIMA



E Deus lhe disse: Sai para fora, e põe-te neste monte perante o Senhor. E eis que passava o Senhor, como também um grande e forte vento que fendia os montes e quebrava as penhas diante do Senhor; porém o Senhor não estava no vento; e depois do vento um terremoto; também o Senhor não estava no terremoto; E depois do terremoto um fogo; porém também o Senhor não estava no fogo; e depois do fogo uma voz mansa e delicada. (I Reis 19.11-12).
Embora exista apenas uma referência serafins na Bíblia (Isaías 6.1-6), estes seres angelicais aparecem indiretamente em algumas passagens bíblicas. Isto porque a palavra hebraica Saraf (שרף) significa “queimar” ou “incendiar”. É comumente aceito como a primeira posição na hierarquia celestial dos anjos, os que estão mais próximos de Deus. A primeira pergunta que surge é: Por que eles são seres os mais próximos de Deus?
A experiência de Moisés no deserto de Midiã sugere a presença de um serafim: “E apareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chama de fogo do meio duma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia.” (Êxodo 3.2). Sempre no universo da especulação, alguns estudiosos afirmam que esta pode ser uma teofania, isto é, uma aparição de Jesus antes da encarnação. Mas como ainda estamos neste campo especulativo posso dizer que é muito mais provável que o anjo que estava ali naquele dia era um serafim. O arbusto queimava, mas não era destruído pelo fogo. A fala de Deus nos dá um sinal claro da razão pela qual o anjo lá estava: “E vendo o Senhor que se virava para ver, bradou Deus a ele do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés. Respondeu ele: Eis-me aqui. E disse: Não te chegues para cá; tira os sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa.” (Êxodo 3.4-5).
O mesmo Moisés ouviu do próprio Deus Eterno que ninguém pode ver Sua face e continuar vivo (Êxodo 33.20), isso também vale para os próprios serafins, já que no texto de Isaías um dos pares de asas “cobriam seus rostos” (Is. 6.2). Dito isto concluo que os serafins estão próximos de Deus para PROTEGER o homem de Deus, uma vez que eles mesmos tem que se proteger. A presença dos serafins indica que o Eterno está próximo o suficiente para não nos matar.
Outra passagem interessante que também pode ser referência aos serafins é: “E, quanto aos anjos, diz: Faz dos seus anjos espíritos, E de seus ministros labareda de fogo.” (Hebreus 1.7), uma referência ao Salmo 104.4. Quando Deus está próximo, os serafins estão entre nós e Ele. Isto porque Deus é santo e nós não somos, e quando o Senhor Deus Eterno quer se aproximar, envia (ministra) os serafins para chegar antes.
O texto de Elias é extraordinário porque é outro a nos indicar a mesma verdade. Elias estava desanimado com o fato de que Acabe não havia se convertido ao Deus Eterno porque Jezabel, a rainha bruxa, ainda dava as ordens em Samaria. Empreendeu fuga ao extremo norte de Israel e se enfurnou no deserto, um dia adentro. Abrigando-se numa caverna, ouve uma voz: “O que fazes aqui, Elias?”. Indo para fora esperou a chegada do Senhor, mas antes três fenômenos acontecem: uma ventania que foi capaz de rachar montes e pulverizar pedras; um terremoto e, finalmente, “um fogo”. No entanto, o texto é claro ao informar que nenhum daqueles fenômenos indicava a presença do Eterno Deus. Na verdade, Ele ainda estava chegando.
Não é curioso que logo depois do fogo, Deus apareça ao se ouvir uma voz “mansa e delicada”? Você também notou que imediatamente antes da voz de Deus, havia fogo? Que fogo era esse? Claro, os serafins! Não há menção de que o fogo tenha tido o esperado efeito devastador como aconteceu com o forte vento e como terremoto é capaz de fazer. Assim como o fogo que não queimava a sarça em Êxodo 3, aqui também não existe porque o séquito de serafins havia chegado antes de Deus para proteger o profeta Elias.
Isto me leva a algumas reflexões importantes.
Primeiro, é importante dizer que nem todas as situações calamitosas de nossa vida indicam que coisas piores virão. Muito pelo contrário, algumas ventanias e terremotos podem dizer que Deus está chegando. O fogo dos serafins serve para duas coisas. Ele pode consumir e matar, assim como pode purificar: “Então voou para mim um dos serafins, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; e com a brasa tocou-me a boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniquidade foi tirada, e perdoado o teu pecado.” (Isaías 6.6-7). Depende de como está seu coração. Deus pode ser fogo consumidor ou pode ser purificador de seus servos.
Tiago faz uma importante distinção entre PROVAÇÃO e TENTAÇÃO no primeiro capítulo de sua carta. Ao se referir à provação disse que é motivo de muito prazer passar por várias delas. Por quê? Ora, os motivos listados no texto dizem respeito ao que o Eterno faz na vida de quem Ele prova: “sabendo que a aprovação da vossa fé produz a perseverança; e a perseverança tenha a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, não faltando em coisa alguma.” (Tiago 1.3-4). Os ventos fortes e os terremotos, bem como o fogo, só tem a intenção de nos fazer perfeitos. Assim como aconteceu com Elias e tantos santos na vida cristã.
A tentação, no entanto, promove tempestades e fogo que matam: “Ninguém, sendo tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele a ninguém tenta. Cada um, porém, é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência; então a concupiscência, havendo concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte.” (Tiago 1.13-15). A gente tem a capacidade provocar grandes desastres em nossa própria vida e na dos outros. Se dermos vazão aos desejos desenfreados, damos lugar ao pecado e este nos destrói porque o Deus Eterno odeia pecadores. Seu fogo os consumirá em Sua santa ira: “Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus,” (Rm 2.5).
É necessário discernir quando as calamidades são provocadas por Deus (provações) e quando são provocadas por nossas decisões baseadas em desejos pecaminosos. Portanto, agora vai minha outra reflexão.
É preciso ter cuidado com aquela frase de revolta: “Eu não aceito isso!”. Como assim, não aceita? Se o caso é como o de Elias, você está dizendo que não quer a presença e a Palavra de Deus ao seu coração? Por ignorância, vai ficar sem a voz de Deus que o convida a viver sem pecado e realizar Sua obra. Não sei com quem tais indivíduos têm aprendido a se revoltar contra as situações difíceis da vida, mas sinaliza para uma falta de conhecimento bíblico descomunal. Como é que alguém, sabendo que é provação, vai dizer para Deus ou para si mesmo: “Tá amarrado!”, como se isso fosse uma obra do diabo. Cuidado, com o que você fala para Deus! Por isso é que a Bíblia orienta: “Em tudo dai graças; porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (I Ts 5.18).
Por outro lado, é uma ofensa a Deus dizer que não aceita o que lhe acontece quando o que lhe acontece é porque você escolheu, decidiu, determinou estas calamidades em sua própria vida. Calamidades consequências de quando concebeu um desejo que deu origem ao pecado que está matando você. Dizer que não aceita é uma hipocrisia. Você não aceita o resultado dos erros e das decisões equivocadas que tomou? Assuma tais consequências e peça a Deus, perdão. Mas nunca diga que não aceita nem dê uma de crente gritando frases de efeito como se Jesus Cristo fosse ignorante das coisas que você fez ou está fazendo.
Deus está se aproximando, como está a sua vida?