E Deus lhe disse: Sai para fora,
e põe-te neste monte perante o Senhor. E eis que passava o Senhor, como também
um grande e forte vento que fendia os montes e quebrava as penhas diante do
Senhor; porém o Senhor não estava no vento; e depois do vento um terremoto;
também o Senhor não estava no terremoto; E depois do terremoto um fogo; porém
também o Senhor não estava no fogo; e depois do fogo uma voz mansa e delicada.
(I Reis 19.11-12).
Embora exista apenas uma referência serafins na
Bíblia (Isaías 6.1-6), estes seres angelicais aparecem indiretamente em algumas
passagens bíblicas. Isto porque a palavra hebraica Saraf (שרף) significa
“queimar” ou “incendiar”. É comumente aceito como a primeira posição na
hierarquia celestial dos anjos, os que estão mais próximos de Deus. A primeira
pergunta que surge é: Por que eles são seres os mais próximos de Deus?
A experiência de Moisés no deserto de Midiã sugere a
presença de um serafim: “E apareceu-lhe o
anjo do Senhor em uma chama de fogo do meio duma sarça; e olhou, e eis que a
sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia.” (Êxodo 3.2). Sempre no
universo da especulação, alguns estudiosos afirmam que esta pode ser uma
teofania, isto é, uma aparição de Jesus antes da encarnação. Mas como ainda
estamos neste campo especulativo posso dizer que é muito mais provável que o
anjo que estava ali naquele dia era um serafim. O arbusto queimava, mas não era
destruído pelo fogo. A fala de Deus nos dá um sinal claro da razão pela qual o
anjo lá estava: “E vendo o Senhor que se
virava para ver, bradou Deus a ele do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés.
Respondeu ele: Eis-me aqui. E disse: Não
te chegues para cá; tira os sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu
estás é terra santa.” (Êxodo 3.4-5).
O mesmo Moisés ouviu do próprio Deus Eterno que ninguém
pode ver Sua face e continuar vivo (Êxodo 33.20), isso também vale para os
próprios serafins, já que no texto de Isaías um dos pares de asas “cobriam seus rostos” (Is. 6.2). Dito
isto concluo que os serafins estão próximos de Deus para PROTEGER o homem de
Deus, uma vez que eles mesmos tem que se proteger. A presença dos serafins
indica que o Eterno está próximo o suficiente para não nos matar.
Outra passagem interessante que também pode ser
referência aos serafins é: “E, quanto aos
anjos, diz: Faz dos seus anjos espíritos, E de seus ministros labareda de fogo.” (Hebreus 1.7), uma referência ao Salmo 104.4. Quando
Deus está próximo, os serafins estão entre nós e Ele. Isto porque Deus é santo
e nós não somos, e quando o Senhor Deus Eterno quer se aproximar, envia
(ministra) os serafins para chegar antes.
O texto de Elias é extraordinário porque é outro a nos
indicar a mesma verdade. Elias estava desanimado com o fato de que Acabe não
havia se convertido ao Deus Eterno porque Jezabel, a rainha bruxa, ainda dava
as ordens em Samaria. Empreendeu fuga ao extremo norte de Israel e se enfurnou no
deserto, um dia adentro. Abrigando-se numa caverna, ouve uma voz: “O que fazes
aqui, Elias?”. Indo para fora esperou a chegada do Senhor, mas antes três
fenômenos acontecem: uma ventania que foi capaz de rachar montes e pulverizar
pedras; um terremoto e, finalmente, “um fogo”. No entanto, o texto é claro ao
informar que nenhum daqueles fenômenos indicava a presença do Eterno Deus. Na verdade,
Ele ainda estava chegando.
Não é curioso que logo depois do fogo, Deus apareça
ao se ouvir uma voz “mansa e delicada”?
Você também notou que imediatamente antes da voz de Deus, havia fogo? Que fogo
era esse? Claro, os serafins! Não há menção de que o fogo tenha tido o esperado
efeito devastador como aconteceu com o forte vento e como terremoto é capaz de
fazer. Assim como o fogo que não queimava a sarça em Êxodo 3, aqui também não
existe porque o séquito de serafins havia chegado antes de Deus para proteger o
profeta Elias.
Isto me leva a algumas reflexões importantes.
Primeiro, é importante dizer que nem todas as
situações calamitosas de nossa vida indicam que coisas piores virão. Muito pelo
contrário, algumas ventanias e terremotos podem dizer que Deus está chegando. O
fogo dos serafins serve para duas coisas. Ele pode consumir e matar, assim como
pode purificar: “Então voou para mim um
dos serafins, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma
tenaz; e com a brasa tocou-me a boca, e disse: Eis que isto tocou os teus
lábios; e a tua iniquidade foi tirada, e perdoado o teu pecado.” (Isaías 6.6-7).
Depende de como está seu coração. Deus pode ser fogo consumidor ou pode ser
purificador de seus servos.
Tiago faz uma importante distinção entre PROVAÇÃO e
TENTAÇÃO no primeiro capítulo de sua carta. Ao se referir à provação disse que
é motivo de muito prazer passar por várias delas. Por quê? Ora, os motivos
listados no texto dizem respeito ao que o Eterno faz na vida de quem Ele prova:
“sabendo que a aprovação da vossa fé
produz a perseverança; e a perseverança tenha a sua obra perfeita, para que
sejais perfeitos e completos, não faltando em coisa alguma.” (Tiago 1.3-4).
Os ventos fortes e os terremotos, bem como o fogo, só tem a intenção de nos
fazer perfeitos. Assim como aconteceu com Elias e tantos santos na vida cristã.
A tentação, no entanto, promove tempestades e fogo
que matam: “Ninguém, sendo tentado, diga:
Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele a ninguém
tenta. Cada um, porém, é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria
concupiscência; então a concupiscência, havendo concebido, dá à luz o pecado; e
o pecado, sendo consumado, gera a morte.” (Tiago 1.13-15). A gente tem a
capacidade provocar grandes desastres em nossa própria vida e na dos outros. Se
dermos vazão aos desejos desenfreados, damos lugar ao pecado e este nos destrói
porque o Deus Eterno odeia pecadores. Seu fogo os consumirá em Sua santa ira: “Mas, segundo a tua dureza e teu coração
impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da revelação do justo juízo
de Deus,” (Rm 2.5).
É necessário discernir quando as calamidades são
provocadas por Deus (provações) e quando são provocadas por nossas decisões baseadas
em desejos pecaminosos. Portanto, agora vai minha outra reflexão.
É preciso ter cuidado com aquela frase de revolta: “Eu
não aceito isso!”. Como assim, não aceita? Se o caso é como o de Elias, você
está dizendo que não quer a presença e a Palavra de Deus ao seu coração? Por ignorância,
vai ficar sem a voz de Deus que o convida a viver sem pecado e realizar Sua
obra. Não sei com quem tais indivíduos têm aprendido a se revoltar contra as
situações difíceis da vida, mas sinaliza para uma falta de conhecimento bíblico
descomunal. Como é que alguém, sabendo que é provação, vai dizer para Deus ou
para si mesmo: “Tá amarrado!”, como se isso fosse uma obra do diabo. Cuidado,
com o que você fala para Deus! Por isso é que a Bíblia orienta: “Em tudo dai graças; porque esta é a vontade
de Deus em Cristo Jesus para convosco” (I Ts 5.18).
Por outro lado, é uma ofensa a Deus dizer que não
aceita o que lhe acontece quando o que lhe acontece é porque você escolheu, decidiu,
determinou estas calamidades em sua própria vida. Calamidades consequências de
quando concebeu um desejo que deu origem ao pecado que está matando você. Dizer
que não aceita é uma hipocrisia. Você não aceita o resultado dos erros e das
decisões equivocadas que tomou? Assuma tais consequências e peça a Deus,
perdão. Mas nunca diga que não aceita nem dê uma de crente gritando frases de
efeito como se Jesus Cristo fosse ignorante das coisas que você fez ou está
fazendo.
Deus está se aproximando, como está a sua vida?