“Condutores cegos! que coais um mosquito e engulis um camelo.” (Mateus 23.24)
O Pastor
John MacArthur escreveu um livro cujo título chama a nossa atenção pelo peso de
denúncia: Com vergonha do Evangelho.
Ele invoca um grave episódio na vida da denominação batista dos EUA nos idos do
final do século XIX e o usa como base para sua discussão. Descrevendo a
angústia e indignação de Charles Spurgeon expostas em artigos suscitando A Controvérsia do Declínio. MacArthur
escreveu: “não desejo suscitar o tipo de contenda que Spurgeon suscitou (...)
o próprio Spurgeon culpou a controvérsia pela sua morte” (pg. 15).
Em 1888 as
igrejas batistas estavam abrindo suas portas para a entrada de heresias que
chegaram aqui no Brasil quase cem anos depois. Lendo Com Vergonha do Evangelho, cuja primeira edição em português data
de 1997, tenho a sensação de que os batistas continuam deslizando ladeira
abaixo. A profecia de Spurgeon se concretizou, pois como relatou MacArthur, a
abertura para aquelas heresias “levou a igreja ao mundanismo e à incredulidade
e exauriu seu vigor espiritual” (pg. 16).
Infelizmente
estamos assistindo de camarote a derrocada do Evangelho entre batistas
novamente quase duzentos anos depois dA Controvérsia
do Declínio. Paulo morreu para defender o Evangelho do qual não se
envergonhava. Corajosamente franqueou aos cristãos o direito de ser, por eles, amaldiçoado
desde que pregasse outro Evangelho se não o que lhes fora originalmente pregado
(Gl. 1.8). O que o homem de Tarso da Cilícia diria se frequentasse nossas
igrejas hoje em dia? Quantos púlpitos
amaldiçoaria o aluno de Gamaliel? Escrevo isso ciente da possibilidade de
incitar ódio contra mim. Acredito, inclusive, que muitos de meus colegas venham
a me processar por assédio moral pelo que vou escrever nesse texto.
Pelo meu
amor à Palavra de Deus e à Igreja de Cristo Jesus não vou deixar de falar do
que tenho visto e ouvido.
Jesus Cristo
irou-se com a hipocrisia dos fariseus e advogados e os denunciou. O problema
deles, contudo, não era o zelo pela Lei, mas “porque dizem e não fazem” (Mateus 23.3). Hoje, para meu espanto, meus
colegas nem dizem.
Alguém
disse: “Você conhece alguém não pelo que diz, mas pelo que não diz!” É verdade.
Nos calamos diante dos erros de nossos pares porque temos medo de sermos medidos
com a mesma vara com que medimos. Afinal de contas, defendem muitos, não
podemos julgar porque o julgamento só cabe a Deus. Mas esse comportamento não
demonstra falta de atenção e cuidado com seu irmão? Será que vamos deixar para
Deus o julgamento, quando não haverá nenhum recurso, pois que será a última
instância? Por que não empunhar a Espada do Espírito, que de tão afiada penetra
a divisão da alma e do espírito? Não permitiremos que a Bíblia Viva e Eficaz
discirna pensamentos e intenções do coração?
Mas não
dizer o que é preciso dizer; não pregar o que é preciso pregar pode ser fruto
de covardia ou de corporativismo, senão do despreparo e ignorância totais. Você
pregaria a verdade bíblica se ela contradissesse o que você acredita? Ensinaria
à sua congregação, por exemplo, como deve ser o batismo, mas não sobre o
divórcio?
O Batismo
“Quem crer e for batizado
será salvo; mas quem não crer será condenado.” (Marcos 16.16)
O que você
ensina sobre o batismo? Ele é um sacramento? Uma ordenança? Que o batismo salva
e, por isso, é imprescindível na vida do cristão? Se o batismo não salva, é um
símbolo da salvação ou não?
Hoje
obrigamos irmãos de outras denominações que desejam se tornar membros de nossas
igrejas a se batizarem biblicamente, ou seja, por imersão, se foram batizados
por aspersão. Nós batistas não acreditamos no batismo por aspersão.
Consideramos um erro grave porque está em desacordo com o que a Bíblia ensina.
Se está em desacordo com a Bíblia, nossos irmãos presbiterianos, só para falar
deles, não estão salvos! Está correto pensar desse modo?
Mas nós os
batizamos para serem salvos ou os rebatizamos para serem batistas? Nós cremos
mesmo que os irmãos de confissão Luterana, Metodista, Presbiteriana e Anglicana
estão perdidos porque não se batizaram por imersão?
Nós os
batizamos porque é uma ordem bíblica ou os rebatizamos porque convencionamos
que batista só é batista porque o mergulhamos? Precisamos definir os termos,
pois do contrário estamos condenando nossos irmãos ao inferno. Quem poderia ser
enviado às igrejas que batizam por aspersão para avisá-los que estão correndo
perigo?
Evidentemente,
não falo da Igreja romana. Ela tem em seu corpo doutrinário heresias que nossos
irmãos protestantes não têm. O catolicismo é de longe uma religião apóstata,
não porque batiza por aspersão, mas porque nega o Senhorio de Cristo Jesus,
principalmente, como único mediador entre Deus e os homens (I Timóteo 2.5).
Seria um absurdo dizer que a Igreja Católica Apostólica Romana é herética
porque batiza por aspersão, assim como eu considero outro absurdo considerar
pecado contra Deus o batismo por aspersão organizado pelas igrejas protestantes
que creem que Jesus é o Cristo, Filho de Deus, e Único Salvador e Senhor.
A Igreja
Primitiva enfrentou o mesmo problema em relação à circuncisão. Os prosélitos
judeus, os convertidos ao cristianismo, não abriam mão da circuncisão para os
não judeus. Eles lutavam para que os líderes da Igreja obrigassem que os
incircuncisos fossem circuncidados. Para estes chamados judaizantes Paulo
escreveu: “Mas é judeu o que o é no
interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra; cujo
louvor não provém dos homens, mas de Deus.” (Romanos 2.29).
Paulo estava
dizendo que judeu não é judeu por circuncisão, isto é, não é a circuncisão que
faz um judeu ser judeu. Se assim fosse, todos os indivíduos do mundo que
operaram a fimose são judeus. O judeu é judeu por informação genética,
hereditariedade, genealogia. O que Paulo estava ensinando é claro. Nenhum
estrangeiro convertido ao cristianismo precisaria se tornar judeu pela
circuncisão porque nem judeu se torna judeu por circuncisão.
No entanto,
Paulo revelou que os judeus acreditavam que o cristianismo pertencia a eles e
que, portanto, só poderiam ser cristãos os estrangeiros que se tornassem
judeus. Certamente, eles não acreditavam na conversão dos gentios, até porque
ainda havia um forte teor de xenofobia, sentimento alimentado pelo judaísmo ao
longo de milênios.
Será que
temos o mesmo preconceito para com nossos irmãos da aspersão? Ou tudo isso é
apenas mera convenção? Eles lá e nós aqui... Deus que se vire, depois.
O que a
Bíblia diz é que “quem não crer, será condenado” (Mc
16.16), não “quem não crer e não for
batizado será condenado”. Jesus
omite o ser batizado na segunda parte do verso dezesseis. Obviamente quem crê
em Jesus quer ser batizado, mas o batismo não é condição sine qua non para a salvação. Crer é condição para ser salvo,
batizar-se não. O salteador da cruz foi salvo (ou você não acredita nisso?),
mas não pôde ser batizado, evidentemente porque estava pregado numa cruz ao
lado da Cruz de Cristo.
Alguns
poderiam objetar dizendo que esta exceção confirma a regra. Então se alguém que
não foi batizado e estiver num leito, por exemplo, na iminência de morrer, vai
precisar batizar-se para ser aceito nos céus? Não. Basta que ele confesse: “Visto que com o coração se crê para a
justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação.” (Romanos 10.10). Relacionar
o batismo à salvação é fazer o mesmo que o catolicismo acredita.
Mas se é uma
regra da Convenção Batista Brasileira que precisa ser observada, não há porque
desobedecê-la. Se eu sou batista e pastor preciso reconhecer e aceitar com amor
os ditames da denominação que amo e amarei. No entanto, precisamos ser claros
de que esta é uma norma convencionada entre nós e não uma observância da Lei de
Deus no que tange à salvação de uma vida. Repito: não sou católico porque não
acredito que o batismo é um sacramento, mas como aprendi, uma ordenança.
Não O Modo, Mas O Batismo
A prática do
batismo contemplava somente os gentios que se convertiam ao judaísmo: “o
batismo era uma prática utilizada pelos judeus com relação aos gentios que
optavam pelo judaísmo. Eles o consideravam ritual de purificação, já que os
gentios eram considerados impuros” (Revista Compromisso – edição dos
Professores, Convicção Editora – EBD Ano CIX Nº 431, pg. 12).
Jesus se
submeteu ao batismo não porque era impuro, mas porque queria dar exemplo. Ele
quer que todos sejam batizados, não há dúvida. Isto porque o batismo é uma
confissão sincera de que somos impuros, não porque acreditamos que o banho de
rio tenha poder de purificar a minha alma.
O Apóstolo
Pedro escreveu aos crentes de todo mundo e de todas as gerações: “Que também, como uma verdadeira figura,
agora vos salva, o batismo, não do despojamento da imundícia da carne, mas da
indagação de uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus
Cristo;” (I Pedro 3.21). Você entendeu? O batismo “salva” não porque limpa
a carne, mas porque é uma resposta natural de “uma boa consciência para com Deus”. Ora, o imprescindível é que
esta boa consciência para com Deus seja alimentada e nutrida na vida de quem
crê em Jesus Cristo. O batismo é apenas e tão somente uma expressão exterior
desta boa consciência. Não vejo em lugar nenhum na Bíblia uma ordem acerca da
maneira através da qual o batismo tenha que ser feito, mas que ele deve ser
feito.
Os judeus
mergulhavam completamente o corpo dos batizandos prosélitos. João Batista
iniciou uma nova etapa batizando os judeus também. Ele acreditava – e eu
concordo – que não existe ninguém que possa arrogar pureza espiritual em
comparação com quem quer que seja. Jesus, seu primo, também concordou com esta
visão. Jesus, sendo judeu e acima disso sendo Santíssimo, se submeteu ao
batismo para que todos gentios e judeus (especialmente estes) recebessem com
humildade o batismo que era praticado somente para os gentios. É preciso
batizar-se, não existe dúvidas sobre isso, mas o modo é que questiono.
O famoso
Jordão estava lá. Havia condição favorável. O gentio convertido, arrependido e
ciente de que era impuro e pecara contra o Deus Eterno, tinha diante de si um
responsável e água abundante. Mas e se não houvesse quem pudesse batizar o
convertido nem água abundante? Se não houver piscina, tanque, rio, mar ou uma
bacia com tamanho suficiente para imergir um ser humano de estatura mediana?
Não se batiza?
Temos um
tanque dentro do santuário. Fiz e faço questão de batizar os novos crentes por
imersão. Assim aprendi e assim quero fazer. Batismos significa imersão,
mergulho, não tenho dúvidas a respeito. Não quero contrariar meus irmãos
batistas que lutaram por mais de cem anos pela sã doutrina dos apóstolos nesse
imenso país. Detesto controvérsias e polêmicas. Não sou daqueles que gostam da
briga pela briga, mas não posso deixar de me manifestar quando vejo minha amada
denominação se desmantelando pela adoção da liturgia e doutrinas
neopentecostais. Mas minha crítica vai mais além do “Ministério de Dança e
Coreografia” e da adoção do “Ministério Feminino Pastoral”.
Sobre isso
eu vou escrever mais tarde. Mas e o divórcio e os novos enlaces matrimoniais de
membros de igrejas divorciados? Pastores, inclusive.
O Divórcio
“Porque a
circuncisão é, na verdade, proveitosa, se tu guardares a lei; mas, se tu és transgressor
da lei, a tua circuncisão se torna em incircuncisão”. (Romanos 2.25).
Será
que eu poderia parafrasear este Texto Sagrado sem ser herético? Eu faço esta
pergunta porque temo que Deus me puna como aos contemporâneos de Pedro:
E tende por salvação
a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos
escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; Falando disto, como em todas as
suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos
e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria
perdição. Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que,
pelo engano dos homens abomináveis, sejais juntamente arrebatados, e descaiais
da vossa firmeza; Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e
Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da
eternidade. Amém.
(II Pedro 3.15-18).
Mas
eu me arriscaria dizendo que Paulo bem poderia estar descrevendo também o que
está acontecendo em nossas igrejas, sejam elas batistas ou de qualquer outra
denominação, porque o batismo é proveitoso se você obedecer à Bíblia, mas se
você desobedece a Bíblia o seu batismo se torna “desbatismo”.
Quantos
são batizados na Igreja dentro dos padrões batistas e que estão casados
novamente depois de terem se divorciado? Há quem acredite que Jesus abriu uma
cláusula de exceção para um novo casamento no caso de adultério de um dos
cônjuges. Mas mesmo que isso seja verdade, é o que tem sido a causa para os
divórcios em nossas igrejas? Há tantos pastores sendo traídos assim? Que coisa!
O
adultério é tão comum em nossas igrejas que dá até medo... Mas o que me apavora
mesmo é que esse assunto sequer é comentado. É um verdadeiro tabu!
Há
tanta coisa em jogo quando o assunto é um novo casamento... Os hedonistas
propalam que todos têm direito à felicidade. Defendem o mito do “divórcio
feliz”, como disse John Piper (https://www.youtube.com/watch?v=LfJZ8MCqPys). Asseveram que este é o
interesse de Deus para seus filhos. Felicidade total: “Se meus filhos estiverem
felizes, estou feliz também”, é o que devem acreditar que Deus pensa. Claro,
não importa para Deus quantas vezes você se divorciou e se casou novamente, se
você estiver feliz ou estiver à procura da felicidade com seu novo casamento é
o que realmente vale. Mentira!
Enquanto
coamos mosquito, defendendo o modo de se batizar um crente salvo, lavado e
remido no sangue de Jesus, genuinamente arrependido e regenerado, engolimos o
camelo do divórcio e do inaceitável recasamento. Que até o corretor ortográfico
do meu Word sublinha vermelho. Recasamento não existe nem no vocabulário
mundano.
Não
sei até quando nos calaremos, para nosso próprio prejuízo diante de Deus, sobre
este tão importante assunto. Quem lê e quem me ouve, olha com desconfiança os
interesses ou interesse de quem defende, como eu, que o homem ou mulher
divorciados não podem se casar novamente. Eu não quero que meu filho se case com
uma pessoa divorciada. Porque, diante das Sagradas Escrituras, meu filho
estaria em pecado de adultério, pois se o marido dela estiver ainda vivo, ela
ainda é mulher dele.
Mas
alguém, baseado no falso princípio de que Deus se importa com a nossa felicidade,
pode dizer que falta misericórdia de minha parte. O divórcio é algo tão
doloroso que ninguém, por força das circunstancias, seria capaz de desejar o
divórcio. Portanto, faltam amor, carinho, bondade, amabilidade, empatia e
misericórdia para com aqueles que passam por essa dura experiência de vida.
Mas
ensinar que meu irmão presbiteriano está impedido de se tornar membro de minha
igreja e que não pode, por isso, participar da Ceia do Senhor, porque não foi
batizado por imersão, é falta do quê?
A
Igreja romana estava em maus lençóis acerca desse controverso assunto. Mais
recentemente o Papa Francisco afirmou:
“A Igreja não tem as
portas fechadas para ninguém.” É a frase que o papa Francisco usou para
concluir, nesta quarta-feira, sua audiência geral, a primeira depois de mais de
um mês sem realizar nenhuma por causa do verão europeu. Em sua busca por não
excluir ninguém da Igreja Católica e sua tentativa de abri-la a novas formas de
família, Jorge Bergoglio fez referência aos divorciados que voltaram a se casar,
pessoas que “não estão excomungadas, como alguns pensam”, mas que “sempre serão
parte da Igreja”. (http://brasil.elpais.com/brasil/2015/08/05/internacional/1438770370_346487.html).
Não
é isto que os católicos acreditavam. O catolicismo era muito rígido com relação
ao divórcio e o novo casamento. A Igreja da Inglaterra se separou do papado
desde que Clemente VII, papa à época, negou o pedido de divórcio de Henrique
VIII. A Igreja romana não transigia quando esse era o assunto:
A Igreja está firme em
1994. À época, a Doutrina da Fé, na Carta aos bispos da Igreja católica a
respeito da recepção da comunhão eucarística por fiéis divorciados novamente
casados, assinada pelo cardeal Joseph Ratzinger, reafirmava o motivo da não
admissibilidade para receber a comunhão: “Por fidelidade à palavra de Jesus
Cristo, a Igreja sustenta que não pode reconhecer como válida uma nova união,
se o primeiro matrimônio foi válido”. Além disso, “se os divorciados se casam
civilmente, ficam em uma situação objetivamente contrária à lei de Deus”. (http://www.padrescasados.org/archives/11124/divorciados-e-o-acesso-aos-sacramentos-o-plano-secreto-do-papa/comment-page-1/).
É,
os tempos são outros. O bispo Bergoglio cedeu aos apelos da sociedade e o que é
pior, talvez tenha tomado aquela medida temendo perder mais fiéis para as
igrejas protestantes ou religiões pagãs. Isso me faz lamentar o fato. Sim o
fato de que o papa está imitando um comportamento pagão de determinadas igrejas
protestantes e de religiões não cristãs. Cedendo por amor ou por medo?
A
despeito do que sejam os verdadeiros motivos, fico preocupado com meus colegas
pastores que somam à dor do divórcio o pecado do adultério. Me entristece o
fato que é tangível em nossas congregações que mocinhas virgens estejam se
casando com homens que continuam casados e ninguém tem coragem para denunciar
isso, para o bem do casal!
Fechamos
nossas Bíblias para este assunto e quando a abrimos por forças alheias à nossa
vontade, encontramos deturpação, corrupção e desvios doutrinários para tão
somente respaldar um comportamento que não tem defesa diante de Deus. Um abismo
vai chamando outro abismo: primeiro um casamento sem preparo adequado, depois
um divórcio condenado por Deus e, em seguida, um novo casamento que é
considerado por Jesus, adultério.
Será
que somos tão insensíveis assim? Deixaremos que nossos colegas, ovelhas e
parentes sejam enganados e morram em pecado?
Estamos
com medo de sermos abandonados, criticados, injuriados e percamos os benefícios
do sustento pastoral. Não queremos abandonar o púlpito nem queremos disciplinar
nossas “gordas” ovelhas que nos garantem o bom salário mensal. Afinal, existem
tantos pastores que pensam como elas, que não existe necessidade de ficar
ouvindo assuntos desnecessários, não é mesmo Paulo?
Porque virá
tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir
coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos,
e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas. (II Timóteo 4.3-4)
A Indissolubilidade Do
Casamento
O
que a Bíblia diz a respeito do recasamento? Que não existe. O que existe é
adultério: “É, porém, mais fácil passar o
céu e a terra do que cair um til da lei. Todo aquele que repudia sua mulher e
casa com outra, comete adultério; e quem casa com a que foi repudiada pelo
marido, também comete adultério.” (Lucas 16.17-18). Não há dúvidas de que
para Jesus não existe a possibilidade de um novo casamento sem que seja
considerado pecado.
Em
Mateus 5.32, no contexto do Sermão do Monte, lemos: “Eu, porém, vos digo que todo aquele que repudia sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, a
faz adúltera; e quem casar com a repudiada, comete adultério.” Este
Evangelho faz um importante aposto: a não
ser por causa da infidelidade. Jesus está dizendo o quê?
Das
duas uma, ou Ele diz: “Você pode casar-se novamente se o seu cônjuge o trair.
Desse jeito Deus não o considera adúltero”, ou diz: “Você pode se divorciar, se
o seu cônjuge o trair. Mas é vedado aos dois outro casamento.” Fica claro que é
a segunda sentença que Jesus está afirmando.
Os
fariseus queriam ouvir uma coisa e ouviram outra. Até os discípulos ficaram
loucos com a posição de Jesus: “Disseram-lhe
os discípulos: Se tal é a condição do homem relativamente à mulher, não convém
casar.” (Mateus 19.10). Ora, os discípulos (bem como os fariseus) ficaram
indignados porque entenderam direitinho o que estava sendo dito. Não havia
qualquer condição possível e imaginável para um novo casamento.
Jesus
Cristo não negocia o princípio da indissolubilidade do casamento. O casamento é
um até que a morte separe o casal. Existem duas condições para uma separação:
infidelidade e viuvez. Mas uma para o novo casamento, a viuvez: “Porque a mulher casada está ligada pela lei
a seu marido enquanto ele viver; mas, se ele morrer, ela está livre da lei do
marido De sorte que, enquanto viver o marido, será
chamado adúltera, se for de outro homem; mas, se ele morrer, ela está livre da
lei, e assim não será adúltera se for de outro marido.” (Romanos 7.2-3). O
Apóstolo da Graça de Deus, entendia do mesmo modo de Deus!
Em
qualquer lugar dos Evangelhos, exceto o de João que ignora o assunto, lemos
claramente o que Deus pensa sobre o novo casamento: “Ao que lhes respondeu: Qualquer que repudiar sua mulher e casar com
outra comete adultério contra ela; e se ela repudiar seu marido e casar com
outro, comete adultério.” (Marcos 10.11-12). Isso deixa alguma dúvida?
O
casamento é para vida toda e quem se separa, por causa de adultério do cônjuge,
deve se manter fiel a Deus, mantendo-se casto porque “outros há que a si mesmos se fizeram eunucos por causa do reino dos
céus. Quem pode aceitar isso, aceite-o.” (Mateus 19.12). Se você que foi traído não consegue perdoar a
traição, até pode separar-se, mas a dor da traição não pode ser apagada com um
novo casamento.
Ficar
só é uma boa punição para uma pessoa infiel, mas para quem foi traído seria
sofrer o mesmo castigo. Em nossa cabeça, isso seria injusto. Mas é por isso que
existe o perdão. Se não houver condição de reconciliação, “Todavia, aos casados, mando, não eu mas o Senhor, que a mulher não se
aparte do marido; se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou se reconcilie
com o marido; e que o marido não deixe a mulher.” (I Coríntios 7.10-11),
então que fique sem casar para não ficar de fora do céu: “Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos
enganeis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas,” (I
Coríntios 6.9).
Heresias Com Propósito
O
mega-pastor Rick Warren admite que muitas pessoas que não aceitavam seu “jeito
de fazer igreja” saíram de sua congregação, mas comemora que muitos outros
aderiram ao seu conceito de crescimento através do marketing. Ele disciplina e
exclui aqueles que não obedecem ao documento elaborado para os novos membros:
“Todos os candidatos devem
cursar a Classe de Membros e assinar um compromisso. Assinando o compromisso,
concordam em contribuir financeiramente, em servir ao ministério, em
compartilhar sua fé, em seguir a liderança... Se você não cumprir o pacto, será
retirado do rol de membros. Todos os anos, removemos centenas de nomes de nosso
rol.” [3, pág. 58]. (http://www.espada.eti.br/db037.asp).
Mas
o que está por trás disso é que todos aqueles que não estão de acordo com as
regras da Igreja Com Propósitos Saddleback
devem ser expulsos, pois têm espírito divisionista o que, segundo ele,
trabalha contra o Evangelho. Evangelho de quem?
Como
ele, muitos pensam que a unidade da igreja em torno de projetos e não da Bíblia
necessariamente, devem ser “disciplinados” para não impedirem o crescimento da mesma:
Quando o corpo humano está
fora de seu equilíbrio normal, dizemos que está doente. Se o Corpo de Cristo
está desequilibrado, fica doente... A saúde acontecerá quando o equilíbrio do
corpo retornar ao normal. A tarefa da
liderança da igreja é descobrir e remover as barreiras e doenças que restringem
o crescimento, para que haja um desenvolvimento natural e sadio. [3, pág.
20]. (ibdem).
A
verdade que está nas entrelinhas do projeto Rick Warren/Peter Drucker é o que
está escrito no artigo do Espada do Espírito:
Tenha em mente que as
atuais Comunidades do Crescimento de Igrejas não são nada amigáveis com os
membros que questionam os sistemas de marketing eclesiástico, as contínuas
avaliações e os sistemas de dados digitais que avaliam a “energia relacional”.
Muitas dessas igrejas são rápidas em “disciplinar” e excluir aqueles que se
recusam a aderir aos diálogos dos grupos pequenos ou a assinar os compromissos.
(Ibdem)
Warren
tão amado e idolatrado por muitos pastores batistas, não tem pena nem
misericórdia para com aqueles que “pecam” contra suas diretrizes empresariais adaptadas
para suas igrejas e franquias, mas nós temos tolerado com muito “amor” os
pecados contra Deus e Sua sã doutrina com medo de perder membros. Nossas igrejas
estão cheias de pessoas em flagrante adultério, casadas novamente depois de
terem se divorciado, mas não temos coragem de discipliná-las porque muitas são
bons membros. Não sei, mas quando se diz esse tipo de coisa, é porque se pensa
que o pecado transforma a gente em monstros endemoninhados. Há milhões de
pessoas pecando no mundo inteiro que não cometeriam um crime hediondo. Ou você
acredita que a madre Tereza de Calcutá está à direita de Deus ao lado de Jesus
mesmo com sua devoção ao papado e mariolatria? Ou então não acredita que Satanás
tem ordenado muitos pastores: “Pois os
tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, disfarçando-se em apóstolos
de Cristo. E não é de admirar, porquanto o próprio Satanás se disfarça em anjo
de luz.” (II Coríntios 11.13-14).
Você
quer defender o jeito batista de batizar novos crentes e crentes de outras
denominações que não tenham sido batizadas por imersão? Então defenda também o
Evangelho genuíno de Cristo e não tenha vergonha dele. Temos a responsabilidade
de esclarecer e revelar o perigo do pecado que tão de perto nos rodeia (Hebreus
12.1).