terça-feira, 11 de agosto de 2015

COANDO MOSQUITO E ENGOLINDO CAMELO



“Condutores cegos! que coais um mosquito e engulis um camelo.” (Mateus 23.24)


O Pastor John MacArthur escreveu um livro cujo título chama a nossa atenção pelo peso de denúncia: Com vergonha do Evangelho. Ele invoca um grave episódio na vida da denominação batista dos EUA nos idos do final do século XIX e o usa como base para sua discussão. Descrevendo a angústia e indignação de Charles Spurgeon expostas em artigos suscitando A Controvérsia do Declínio. MacArthur escreveu: “não desejo suscitar o tipo de contenda que Spurgeon suscitou (...) o próprio Spurgeon culpou a controvérsia pela sua morte” (pg. 15).

Em 1888 as igrejas batistas estavam abrindo suas portas para a entrada de heresias que chegaram aqui no Brasil quase cem anos depois. Lendo Com Vergonha do Evangelho, cuja primeira edição em português data de 1997, tenho a sensação de que os batistas continuam deslizando ladeira abaixo. A profecia de Spurgeon se concretizou, pois como relatou MacArthur, a abertura para aquelas heresias “levou a igreja ao mundanismo e à incredulidade e exauriu seu vigor espiritual” (pg. 16).

Infelizmente estamos assistindo de camarote a derrocada do Evangelho entre batistas novamente quase duzentos anos depois dA Controvérsia do Declínio. Paulo morreu para defender o Evangelho do qual não se envergonhava. Corajosamente franqueou aos cristãos o direito de ser, por eles, amaldiçoado desde que pregasse outro Evangelho se não o que lhes fora originalmente pregado (Gl. 1.8). O que o homem de Tarso da Cilícia diria se frequentasse nossas igrejas hoje em dia?  Quantos púlpitos amaldiçoaria o aluno de Gamaliel? Escrevo isso ciente da possibilidade de incitar ódio contra mim. Acredito, inclusive, que muitos de meus colegas venham a me processar por assédio moral pelo que vou escrever nesse texto.

Pelo meu amor à Palavra de Deus e à Igreja de Cristo Jesus não vou deixar de falar do que tenho visto e ouvido.

Jesus Cristo irou-se com a hipocrisia dos fariseus e advogados e os denunciou. O problema deles, contudo, não era o zelo pela Lei, mas “porque dizem e não fazem” (Mateus 23.3). Hoje, para meu espanto, meus colegas nem dizem.

Alguém disse: “Você conhece alguém não pelo que diz, mas pelo que não diz!” É verdade. Nos calamos diante dos erros de nossos pares porque temos medo de sermos medidos com a mesma vara com que medimos. Afinal de contas, defendem muitos, não podemos julgar porque o julgamento só cabe a Deus. Mas esse comportamento não demonstra falta de atenção e cuidado com seu irmão? Será que vamos deixar para Deus o julgamento, quando não haverá nenhum recurso, pois que será a última instância? Por que não empunhar a Espada do Espírito, que de tão afiada penetra a divisão da alma e do espírito? Não permitiremos que a Bíblia Viva e Eficaz discirna pensamentos e intenções do coração?

Mas não dizer o que é preciso dizer; não pregar o que é preciso pregar pode ser fruto de covardia ou de corporativismo, senão do despreparo e ignorância totais. Você pregaria a verdade bíblica se ela contradissesse o que você acredita? Ensinaria à sua congregação, por exemplo, como deve ser o batismo, mas não sobre o divórcio?


O Batismo

“Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.” (Marcos 16.16)



O que você ensina sobre o batismo? Ele é um sacramento? Uma ordenança? Que o batismo salva e, por isso, é imprescindível na vida do cristão? Se o batismo não salva, é um símbolo da salvação ou não?

Hoje obrigamos irmãos de outras denominações que desejam se tornar membros de nossas igrejas a se batizarem biblicamente, ou seja, por imersão, se foram batizados por aspersão. Nós batistas não acreditamos no batismo por aspersão. Consideramos um erro grave porque está em desacordo com o que a Bíblia ensina. Se está em desacordo com a Bíblia, nossos irmãos presbiterianos, só para falar deles, não estão salvos! Está correto pensar desse modo?

Mas nós os batizamos para serem salvos ou os rebatizamos para serem batistas? Nós cremos mesmo que os irmãos de confissão Luterana, Metodista, Presbiteriana e Anglicana estão perdidos porque não se batizaram por imersão?

Nós os batizamos porque é uma ordem bíblica ou os rebatizamos porque convencionamos que batista só é batista porque o mergulhamos? Precisamos definir os termos, pois do contrário estamos condenando nossos irmãos ao inferno. Quem poderia ser enviado às igrejas que batizam por aspersão para avisá-los que estão correndo perigo?

Evidentemente, não falo da Igreja romana. Ela tem em seu corpo doutrinário heresias que nossos irmãos protestantes não têm. O catolicismo é de longe uma religião apóstata, não porque batiza por aspersão, mas porque nega o Senhorio de Cristo Jesus, principalmente, como único mediador entre Deus e os homens (I Timóteo 2.5). Seria um absurdo dizer que a Igreja Católica Apostólica Romana é herética porque batiza por aspersão, assim como eu considero outro absurdo considerar pecado contra Deus o batismo por aspersão organizado pelas igrejas protestantes que creem que Jesus é o Cristo, Filho de Deus, e Único Salvador e Senhor.

A Igreja Primitiva enfrentou o mesmo problema em relação à circuncisão. Os prosélitos judeus, os convertidos ao cristianismo, não abriam mão da circuncisão para os não judeus. Eles lutavam para que os líderes da Igreja obrigassem que os incircuncisos fossem circuncidados. Para estes chamados judaizantes Paulo escreveu: “Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra; cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus.” (Romanos 2.29).

Paulo estava dizendo que judeu não é judeu por circuncisão, isto é, não é a circuncisão que faz um judeu ser judeu. Se assim fosse, todos os indivíduos do mundo que operaram a fimose são judeus. O judeu é judeu por informação genética, hereditariedade, genealogia. O que Paulo estava ensinando é claro. Nenhum estrangeiro convertido ao cristianismo precisaria se tornar judeu pela circuncisão porque nem judeu se torna judeu por circuncisão.

No entanto, Paulo revelou que os judeus acreditavam que o cristianismo pertencia a eles e que, portanto, só poderiam ser cristãos os estrangeiros que se tornassem judeus. Certamente, eles não acreditavam na conversão dos gentios, até porque ainda havia um forte teor de xenofobia, sentimento alimentado pelo judaísmo ao longo de milênios.

Será que temos o mesmo preconceito para com nossos irmãos da aspersão? Ou tudo isso é apenas mera convenção? Eles lá e nós aqui... Deus que se vire, depois.

O que a Bíblia diz é que “quem não crer, será condenado” (Mc 16.16), não “quem não crer e não for batizado será condenado”.  Jesus omite o ser batizado na segunda parte do verso dezesseis. Obviamente quem crê em Jesus quer ser batizado, mas o batismo não é condição sine qua non para a salvação. Crer é condição para ser salvo, batizar-se não. O salteador da cruz foi salvo (ou você não acredita nisso?), mas não pôde ser batizado, evidentemente porque estava pregado numa cruz ao lado da Cruz de Cristo.

Alguns poderiam objetar dizendo que esta exceção confirma a regra. Então se alguém que não foi batizado e estiver num leito, por exemplo, na iminência de morrer, vai precisar batizar-se para ser aceito nos céus? Não. Basta que ele confesse: “Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação.” (Romanos 10.10). Relacionar o batismo à salvação é fazer o mesmo que o catolicismo acredita.

Mas se é uma regra da Convenção Batista Brasileira que precisa ser observada, não há porque desobedecê-la. Se eu sou batista e pastor preciso reconhecer e aceitar com amor os ditames da denominação que amo e amarei. No entanto, precisamos ser claros de que esta é uma norma convencionada entre nós e não uma observância da Lei de Deus no que tange à salvação de uma vida. Repito: não sou católico porque não acredito que o batismo é um sacramento, mas como aprendi, uma ordenança.



Não O Modo, Mas O Batismo

A prática do batismo contemplava somente os gentios que se convertiam ao judaísmo: “o batismo era uma prática utilizada pelos judeus com relação aos gentios que optavam pelo judaísmo. Eles o consideravam ritual de purificação, já que os gentios eram considerados impuros” (Revista Compromisso – edição dos Professores, Convicção Editora – EBD Ano CIX Nº 431, pg. 12).

Jesus se submeteu ao batismo não porque era impuro, mas porque queria dar exemplo. Ele quer que todos sejam batizados, não há dúvida. Isto porque o batismo é uma confissão sincera de que somos impuros, não porque acreditamos que o banho de rio tenha poder de purificar a minha alma.

O Apóstolo Pedro escreveu aos crentes de todo mundo e de todas as gerações: “Que também, como uma verdadeira figura, agora vos salva, o batismo, não do despojamento da imundícia da carne, mas da indagação de uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo;” (I Pedro 3.21). Você entendeu? O batismo “salva” não porque limpa a carne, mas porque é uma resposta natural de “uma boa consciência para com Deus”. Ora, o imprescindível é que esta boa consciência para com Deus seja alimentada e nutrida na vida de quem crê em Jesus Cristo. O batismo é apenas e tão somente uma expressão exterior desta boa consciência. Não vejo em lugar nenhum na Bíblia uma ordem acerca da maneira através da qual o batismo tenha que ser feito, mas que ele deve ser feito.

Os judeus mergulhavam completamente o corpo dos batizandos prosélitos. João Batista iniciou uma nova etapa batizando os judeus também. Ele acreditava – e eu concordo – que não existe ninguém que possa arrogar pureza espiritual em comparação com quem quer que seja. Jesus, seu primo, também concordou com esta visão. Jesus, sendo judeu e acima disso sendo Santíssimo, se submeteu ao batismo para que todos gentios e judeus (especialmente estes) recebessem com humildade o batismo que era praticado somente para os gentios. É preciso batizar-se, não existe dúvidas sobre isso, mas o modo é que questiono.

O famoso Jordão estava lá. Havia condição favorável. O gentio convertido, arrependido e ciente de que era impuro e pecara contra o Deus Eterno, tinha diante de si um responsável e água abundante. Mas e se não houvesse quem pudesse batizar o convertido nem água abundante? Se não houver piscina, tanque, rio, mar ou uma bacia com tamanho suficiente para imergir um ser humano de estatura mediana? Não se batiza?

Temos um tanque dentro do santuário. Fiz e faço questão de batizar os novos crentes por imersão. Assim aprendi e assim quero fazer. Batismos significa imersão, mergulho, não tenho dúvidas a respeito. Não quero contrariar meus irmãos batistas que lutaram por mais de cem anos pela sã doutrina dos apóstolos nesse imenso país. Detesto controvérsias e polêmicas. Não sou daqueles que gostam da briga pela briga, mas não posso deixar de me manifestar quando vejo minha amada denominação se desmantelando pela adoção da liturgia e doutrinas neopentecostais. Mas minha crítica vai mais além do “Ministério de Dança e Coreografia” e da adoção do “Ministério Feminino Pastoral”.

Sobre isso eu vou escrever mais tarde. Mas e o divórcio e os novos enlaces matrimoniais de membros de igrejas divorciados? Pastores, inclusive.



O Divórcio

“Porque a circuncisão é, na verdade, proveitosa, se tu guardares a lei; mas, se tu és transgressor da lei, a tua circuncisão se torna em incircuncisão”. (Romanos 2.25).



Será que eu poderia parafrasear este Texto Sagrado sem ser herético? Eu faço esta pergunta porque temo que Deus me puna como aos contemporâneos de Pedro:

E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição. Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que, pelo engano dos homens abomináveis, sejais juntamente arrebatados, e descaiais da vossa firmeza; Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém. (II Pedro 3.15-18).

Mas eu me arriscaria dizendo que Paulo bem poderia estar descrevendo também o que está acontecendo em nossas igrejas, sejam elas batistas ou de qualquer outra denominação, porque o batismo é proveitoso se você obedecer à Bíblia, mas se você desobedece a Bíblia o seu batismo se torna “desbatismo”.

Quantos são batizados na Igreja dentro dos padrões batistas e que estão casados novamente depois de terem se divorciado? Há quem acredite que Jesus abriu uma cláusula de exceção para um novo casamento no caso de adultério de um dos cônjuges. Mas mesmo que isso seja verdade, é o que tem sido a causa para os divórcios em nossas igrejas? Há tantos pastores sendo traídos assim? Que coisa!

O adultério é tão comum em nossas igrejas que dá até medo... Mas o que me apavora mesmo é que esse assunto sequer é comentado. É um verdadeiro tabu!

Há tanta coisa em jogo quando o assunto é um novo casamento... Os hedonistas propalam que todos têm direito à felicidade. Defendem o mito do “divórcio feliz”, como disse John Piper (https://www.youtube.com/watch?v=LfJZ8MCqPys). Asseveram que este é o interesse de Deus para seus filhos. Felicidade total: “Se meus filhos estiverem felizes, estou feliz também”, é o que devem acreditar que Deus pensa. Claro, não importa para Deus quantas vezes você se divorciou e se casou novamente, se você estiver feliz ou estiver à procura da felicidade com seu novo casamento é o que realmente vale. Mentira!

Enquanto coamos mosquito, defendendo o modo de se batizar um crente salvo, lavado e remido no sangue de Jesus, genuinamente arrependido e regenerado, engolimos o camelo do divórcio e do inaceitável recasamento. Que até o corretor ortográfico do meu Word sublinha vermelho. Recasamento não existe nem no vocabulário mundano.

Não sei até quando nos calaremos, para nosso próprio prejuízo diante de Deus, sobre este tão importante assunto. Quem lê e quem me ouve, olha com desconfiança os interesses ou interesse de quem defende, como eu, que o homem ou mulher divorciados não podem se casar novamente. Eu não quero que meu filho se case com uma pessoa divorciada. Porque, diante das Sagradas Escrituras, meu filho estaria em pecado de adultério, pois se o marido dela estiver ainda vivo, ela ainda é mulher dele.

Mas alguém, baseado no falso princípio de que Deus se importa com a nossa felicidade, pode dizer que falta misericórdia de minha parte. O divórcio é algo tão doloroso que ninguém, por força das circunstancias, seria capaz de desejar o divórcio. Portanto, faltam amor, carinho, bondade, amabilidade, empatia e misericórdia para com aqueles que passam por essa dura experiência de vida.

Mas ensinar que meu irmão presbiteriano está impedido de se tornar membro de minha igreja e que não pode, por isso, participar da Ceia do Senhor, porque não foi batizado por imersão, é falta do quê?

A Igreja romana estava em maus lençóis acerca desse controverso assunto. Mais recentemente o Papa Francisco afirmou:

“A Igreja não tem as portas fechadas para ninguém.” É a frase que o papa Francisco usou para concluir, nesta quarta-feira, sua audiência geral, a primeira depois de mais de um mês sem realizar nenhuma por causa do verão europeu. Em sua busca por não excluir ninguém da Igreja Católica e sua tentativa de abri-la a novas formas de família, Jorge Bergoglio fez referência aos divorciados que voltaram a se casar, pessoas que “não estão excomungadas, como alguns pensam”, mas que “sempre serão parte da Igreja”. (http://brasil.elpais.com/brasil/2015/08/05/internacional/1438770370_346487.html).



Não é isto que os católicos acreditavam. O catolicismo era muito rígido com relação ao divórcio e o novo casamento. A Igreja da Inglaterra se separou do papado desde que Clemente VII, papa à época, negou o pedido de divórcio de Henrique VIII. A Igreja romana não transigia quando esse era o assunto:

A Igreja está firme em 1994. À época, a Doutrina da Fé, na Carta aos bispos da Igreja católica a respeito da recepção da comunhão eucarística por fiéis divorciados novamente casados, assinada pelo cardeal Joseph Ratzinger, reafirmava o motivo da não admissibilidade para receber a comunhão: “Por fidelidade à palavra de Jesus Cristo, a Igreja sustenta que não pode reconhecer como válida uma nova união, se o primeiro matrimônio foi válido”. Além disso, “se os divorciados se casam civilmente, ficam em uma situação objetivamente contrária à lei de Deus”. (http://www.padrescasados.org/archives/11124/divorciados-e-o-acesso-aos-sacramentos-o-plano-secreto-do-papa/comment-page-1/).



É, os tempos são outros. O bispo Bergoglio cedeu aos apelos da sociedade e o que é pior, talvez tenha tomado aquela medida temendo perder mais fiéis para as igrejas protestantes ou religiões pagãs. Isso me faz lamentar o fato. Sim o fato de que o papa está imitando um comportamento pagão de determinadas igrejas protestantes e de religiões não cristãs. Cedendo por amor ou por medo?

A despeito do que sejam os verdadeiros motivos, fico preocupado com meus colegas pastores que somam à dor do divórcio o pecado do adultério. Me entristece o fato que é tangível em nossas congregações que mocinhas virgens estejam se casando com homens que continuam casados e ninguém tem coragem para denunciar isso, para o bem do casal!

Fechamos nossas Bíblias para este assunto e quando a abrimos por forças alheias à nossa vontade, encontramos deturpação, corrupção e desvios doutrinários para tão somente respaldar um comportamento que não tem defesa diante de Deus. Um abismo vai chamando outro abismo: primeiro um casamento sem preparo adequado, depois um divórcio condenado por Deus e, em seguida, um novo casamento que é considerado por Jesus, adultério.

Será que somos tão insensíveis assim? Deixaremos que nossos colegas, ovelhas e parentes sejam enganados e morram em pecado?

Estamos com medo de sermos abandonados, criticados, injuriados e percamos os benefícios do sustento pastoral. Não queremos abandonar o púlpito nem queremos disciplinar nossas “gordas” ovelhas que nos garantem o bom salário mensal. Afinal, existem tantos pastores que pensam como elas, que não existe necessidade de ficar ouvindo assuntos desnecessários, não é mesmo Paulo?

Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos, e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas. (II Timóteo 4.3-4)



A Indissolubilidade Do Casamento

O que a Bíblia diz a respeito do recasamento? Que não existe. O que existe é adultério: “É, porém, mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da lei. Todo aquele que repudia sua mulher e casa com outra, comete adultério; e quem casa com a que foi repudiada pelo marido, também comete adultério.” (Lucas 16.17-18). Não há dúvidas de que para Jesus não existe a possibilidade de um novo casamento sem que seja considerado pecado.

Em Mateus 5.32, no contexto do Sermão do Monte, lemos: “Eu, porém, vos digo que todo aquele que repudia sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, a faz adúltera; e quem casar com a repudiada, comete adultério.” Este Evangelho faz um importante aposto: a não ser por causa da infidelidade. Jesus está dizendo o quê?

Das duas uma, ou Ele diz: “Você pode casar-se novamente se o seu cônjuge o trair. Desse jeito Deus não o considera adúltero”, ou diz: “Você pode se divorciar, se o seu cônjuge o trair. Mas é vedado aos dois outro casamento.” Fica claro que é a segunda sentença que Jesus está afirmando.

Os fariseus queriam ouvir uma coisa e ouviram outra. Até os discípulos ficaram loucos com a posição de Jesus: “Disseram-lhe os discípulos: Se tal é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar.” (Mateus 19.10). Ora, os discípulos (bem como os fariseus) ficaram indignados porque entenderam direitinho o que estava sendo dito. Não havia qualquer condição possível e imaginável para um novo casamento.

Jesus Cristo não negocia o princípio da indissolubilidade do casamento. O casamento é um até que a morte separe o casal. Existem duas condições para uma separação: infidelidade e viuvez. Mas uma para o novo casamento, a viuvez: “Porque a mulher casada está ligada pela lei a seu marido enquanto ele viver; mas, se ele morrer, ela está livre da lei do marido De sorte que, enquanto viver o marido, será chamado adúltera, se for de outro homem; mas, se ele morrer, ela está livre da lei, e assim não será adúltera se for de outro marido.” (Romanos 7.2-3). O Apóstolo da Graça de Deus, entendia do mesmo modo de Deus!

Em qualquer lugar dos Evangelhos, exceto o de João que ignora o assunto, lemos claramente o que Deus pensa sobre o novo casamento: “Ao que lhes respondeu: Qualquer que repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra ela; e se ela repudiar seu marido e casar com outro, comete adultério.” (Marcos 10.11-12). Isso deixa alguma dúvida?

O casamento é para vida toda e quem se separa, por causa de adultério do cônjuge, deve se manter fiel a Deus, mantendo-se casto porque “outros há que a si mesmos se fizeram eunucos por causa do reino dos céus. Quem pode aceitar isso, aceite-o.” (Mateus 19.12).  Se você que foi traído não consegue perdoar a traição, até pode separar-se, mas a dor da traição não pode ser apagada com um novo casamento.

Ficar só é uma boa punição para uma pessoa infiel, mas para quem foi traído seria sofrer o mesmo castigo. Em nossa cabeça, isso seria injusto. Mas é por isso que existe o perdão. Se não houver condição de reconciliação, “Todavia, aos casados, mando, não eu mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido; se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher.” (I Coríntios 7.10-11), então que fique sem casar para não ficar de fora do céu: “Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas,” (I Coríntios 6.9).



Heresias Com Propósito

O mega-pastor Rick Warren admite que muitas pessoas que não aceitavam seu “jeito de fazer igreja” saíram de sua congregação, mas comemora que muitos outros aderiram ao seu conceito de crescimento através do marketing. Ele disciplina e exclui aqueles que não obedecem ao documento elaborado para os novos membros:

“Todos os candidatos devem cursar a Classe de Membros e assinar um compromisso. Assinando o compromisso, concordam em contribuir financeiramente, em servir ao ministério, em compartilhar sua fé, em seguir a liderança... Se você não cumprir o pacto, será retirado do rol de membros. Todos os anos, removemos centenas de nomes de nosso rol.” [3, pág. 58]. (http://www.espada.eti.br/db037.asp).



Mas o que está por trás disso é que todos aqueles que não estão de acordo com as regras da Igreja Com Propósitos Saddleback devem ser expulsos, pois têm espírito divisionista o que, segundo ele, trabalha contra o Evangelho. Evangelho de quem?

Como ele, muitos pensam que a unidade da igreja em torno de projetos e não da Bíblia necessariamente, devem ser “disciplinados” para não impedirem o crescimento da mesma:

Quando o corpo humano está fora de seu equilíbrio normal, dizemos que está doente. Se o Corpo de Cristo está desequilibrado, fica doente... A saúde acontecerá quando o equilíbrio do corpo retornar ao normal. A tarefa da liderança da igreja é descobrir e remover as barreiras e doenças que restringem o crescimento, para que haja um desenvolvimento natural e sadio. [3, pág. 20]. (ibdem).



A verdade que está nas entrelinhas do projeto Rick Warren/Peter Drucker é o que está escrito no artigo do Espada do Espírito:

Tenha em mente que as atuais Comunidades do Crescimento de Igrejas não são nada amigáveis com os membros que questionam os sistemas de marketing eclesiástico, as contínuas avaliações e os sistemas de dados digitais que avaliam a “energia relacional”. Muitas dessas igrejas são rápidas em “disciplinar” e excluir aqueles que se recusam a aderir aos diálogos dos grupos pequenos ou a assinar os compromissos. (Ibdem)



Warren tão amado e idolatrado por muitos pastores batistas, não tem pena nem misericórdia para com aqueles que “pecam” contra suas diretrizes empresariais adaptadas para suas igrejas e franquias, mas nós temos tolerado com muito “amor” os pecados contra Deus e Sua sã doutrina com medo de perder membros. Nossas igrejas estão cheias de pessoas em flagrante adultério, casadas novamente depois de terem se divorciado, mas não temos coragem de discipliná-las porque muitas são bons membros. Não sei, mas quando se diz esse tipo de coisa, é porque se pensa que o pecado transforma a gente em monstros endemoninhados. Há milhões de pessoas pecando no mundo inteiro que não cometeriam um crime hediondo. Ou você acredita que a madre Tereza de Calcutá está à direita de Deus ao lado de Jesus mesmo com sua devoção ao papado e mariolatria? Ou então não acredita que Satanás tem ordenado muitos pastores: “Pois os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, disfarçando-se em apóstolos de Cristo. E não é de admirar, porquanto o próprio Satanás se disfarça em anjo de luz.” (II Coríntios 11.13-14).



Você quer defender o jeito batista de batizar novos crentes e crentes de outras denominações que não tenham sido batizadas por imersão? Então defenda também o Evangelho genuíno de Cristo e não tenha vergonha dele. Temos a responsabilidade de esclarecer e revelar o perigo do pecado que tão de perto nos rodeia (Hebreus 12.1).

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